domingo, 13 de março de 2016

quinta-feira, 3 de maio de 2012

my body is a cage, my mind holds the key



estes dias chuvosos têm-me dado uma vontade imensa de correr. lá fora. descalça. nas estradas escorregadias e naquela lama que nos engole os pés. idealizo, tão intensamente que quase nem consigo pestanejar, os meus cabelos negros desgrenhados a colarem na minha face suada, o palpitar dos meus músculos das pernas e os meus pés, repletos de feridas, tal como eu os gosto de ver. deleito-me ao quase sentir o derreter do meu corpo no chão após a corrida, a terra mole desfazer-se nas minhas mãos e o meu espírito a abandonar o meu corpo.
Sorrio para a paz de um corpo imóvel, perdido na natureza mas achado de si, que jaz na minha cabeça ao som de Yann Tiersen...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

aquele ânsia permanente de não estar ali, de não existir. de te observar de fora, jovem promissor desenhando a vida por si idealizada, ileso de qualquer tipo de comichão semelhante a preocupação. já não terias de te preocupar se eu me sentiria confortável em tal ambiente, se mais alguma ingénua rapariga pensaria, mais uma vez, que sentar-me ao teu lado equivale a fazer amor contigo e que eu seria o alvo a... humilhar.
não tenho tempo nem paciência para isso. sobretudo paciência. os jogos de crianças e pessoas-cérebro-de-ervilha já me fazem ferver a pele. deixa-me preocupar antes com o universo e com a família, com os projectos para o futuro, com novas e alucinantes coreografias e palavras abadacadabrantes que me enchem os olhos.
não me interessa o amor. melhor, não me interessa esse tipo de amor. deixa-me antes não existir e ser somente espectadora dos vossos jogos intermináveis, controladores e doentes, dos quais não pretendo fazer parte.
Não mais.



sábado, 21 de abril de 2012

...


apesar de já envolta em lençóis, o meu coração bate ao ritmo frenético do meu pensamento. agacho-me tal e qual uma concha, para sentir e ouvir melhor o seu pulsar, que me bombeia o sangue e a certeza de ainda estar viva. imagino como seria se cessasse, o que causaria quando, de manhã, eu já tivesse entrado num sono eterno.
certamente não te importarias, isto é, se ainda sentes o sabor amargo das tuas palavras. quem me dera se tu apenas as cuspisses, que não estivesse qualquer atividade cerebral/emotiva envolvida nas palavras que proferes. que mentisses com quantos dentes tens na boca. que te quisesses matar, não por erradamente pensares ter o mundo contra ti, mas por te aperceberes do mal que me/nos fazes. mas que não te matasses. que chorasses de arrependimento e implorasses o meu perdão. eu não pensaria duas vezes em dar-to.
dar-te-ia tudo o que quisesses. dar-te-ia toda a minha roupa, a minha mesada, o meu quarto. dar-te-ia até a dança. dar-te-ia a minha vida, aos bocados ou toda. embelezaria o meu amor, para perderes o nojo que lhe tens. aprenderia a cozinhar os teus pratos predilectos, dos mais complexos aos mais simples. arranjar-te-ia um homem de bem, que te amasse os defeitos e as inseguranças. que te desse o que desconheço que precisas.
que precisas tanto... que me matas. ou melhor, que me desejas a morte.

quinta-feira, 15 de março de 2012

CRUZANDO PARALELAS

CRUZANDO PARALELAS

De Beatrice Dias e Rina Marques

Dança Contemporânea/ Performance

Local:Cine-Teatro António Lamoso, Sta Maria da Feira; peça inserida no Festival de Dança All About Dance - Made in Feira
17 de Março de 2012 pelas 21h30


Percorremos o mesmo espaço, seguindo trajectórias rectas, paralelas, sensivelmente intocáveis. Circulamos na mesma esfera e, no nosso previsível encontro, procuramos alterar as nossas rotas a passo ritmado e enfurecido.
Percorrendo o resto apagado que é o chão, vagueamos sobre ele, num movimento crescente e libertador, que nos suprime os obstáculos e nos despe de medos. Já libertas, passamos a ignorar o ódio e rivalidade, moldando-nos mutuamente. Surge, então, uma mescla de movimento instintivo, forte, solto que se traduz num explorar da nossa liberdade na liberdade do outro.

quarta-feira, 14 de março de 2012

i'm dead, i'm dead, i'm dead...



Dize-me tu adeus, se pela minha parte o não consigo.
Morrer é nada; perder-te é que é difícil.

sábado, 10 de março de 2012

...

Mas ao mesmo consagro a mim mesma um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.