segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

1+1=1+1

(...)
repara: nós não pertencemos um ao outro.
para além de ser errado, impossível, é também algo extremamente ilógico, tal como o é esperar obter uma mistura homogénea de água e azeite. quero eu dizer com isto, amor, que eu e tu somos algo imiscível; o teu corpo repele o meu, a tua respiração rouba-me o ar, o teu cheio é o meu vazio.
descansa, no entanto, pois a culpa apenas a mim me cabe albergar... é que eu e o Amor também somos imiscíveis, amor. não parece haver em mim capacidade de o acolher, de o impregnar no meu corpo, mente, coração e, por isso, nunca serei capaz de te aquecer a alma. enquanto caminhares pelos teus trilhos seguros, eu estarei do outro lado do mundo, ainda que só em mente, envolvida nos meus tristes solilóquios e devaneios aos quais me tenho vindo a habituar.

por isso peço-te, já de voz rouca e com o corpo a tremer de frio, que não voltes a esquecer os teus olhos nos meus. não há nada mais doloroso que, neste frio de Inverno e de coração, sentir o calor somente fugidio do teu afecto, o fogo-fátuo que é o teu amor, que sei nunca vir a possuir.