terça-feira, 27 de setembro de 2011

espaço.



percorremos o mesmo espaço, seguindo trajectórias rectas, paralelas, intocáveis. circulamos na mesma esfera e, para teu desagrado, acabas sempre por me encontrar. quando tal acontece, alteras rapidamente a tua rota e desapareces a um passo ritmado, acelerado, enfurecido. já eu, ingénua habitual, fixo-me em ti e deixo que me alteres os passos.

não me culpes pela minha existência. não fui eu... deve ter sido escrita por alguém que quis virar uma página pesada e decidiu, loucamente, pôr-nos na mesma esfera. terrível infortúnio, pois agora somos como copos vazios e andamos neste resto apagado... vagueamos aqui, quais cegos incuráveis, suprimindo obstáculos que, em vez de nos darem liberdade, nos conduzem ao fastio, ao desregramento, ao nada.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

meu amor.

O amor é uma coisa estranha de descrever. apesar de fácil de se sentir, falar sobre ele acarreta, quase sempre, algum constrangimento e confusão.
para mim, o amor é como se fosse um pedaço de sabão na banheira - se o apertarmos, ele escapa-nos das mãos. não é mau de todo se nos agarrarmos a ele, mas se o fizermos, corremos o risco de deturpar o seu verdadeiro significado, pois assim, o amor passaria para o domínio da obsessão, possessão.
também não nos devemos deixar invadir por ele levianamente, pois aí o amor daria lugar à superficialidade.
dada a sua complexidade, o amor requer racionalidade, estudo prévio. transcende o estatuto de paixão, pois já não basta deixarmo-nos conduzir pelos nossos desejos mais humanos e, por isso, meramente carnais.
amar é bom. mas amar, muitas vezes, dói.
é preciso coragem para amar.
tenta sentir isto: amo-te.
Faz algum sentido ?