domingo, 22 de maio de 2011

fading silhouette

é tempo de deixar as roupas moldadas, essa invasão da esfera de outrem. Cinge-te à tua, só desta vez, por mais desengonçada que te pareça. É que eu já nem quero saber se há limite para a desilusão humana. Desta vez, não serei a Tua cobaia.


"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia. "
José Saramago.


sábado, 14 de maio de 2011

masks

não é cansaço. é esta insanidade que me entranha o pensar. é o mundo às avessas, este baile de máscaras em que vivemos. somos clones invisuais, dispersos, dependentes, atraídos pela futilidade tal como o pólo norte atrai o pólo sul. fugimos dos nossos problemas como quem recebe ameaça de morte. fazemos promessas apenas para aliviarmos aquela consciência inoportuna que não nos deixa dormir. trocamos sangue por ouro, vida pela morte, do quão gigantesco é o nosso ego e por amarmos tão infinitamento algo tão ... finito.




não, não é cansaço, senhores professores. é este existir absorto, alheio, insípido. é este caminhar sob arestas vivas que me trincham os pés. é este o meu estorvo, este empecilho que não me deixa pensar.




domingo, 8 de maio de 2011

5 a.m

Aperto na garganta. Dói tanto!, lacrimeja a visão. Grito inaudível, gemido envergonhado de quem já ultrapassou a Razão. Esperança imunda que imunda te faz. Resumes-te a um corpo dorido mas dúctil que jaz no chão do teu quarto. Serpenteias a carne, que já é de outrem. Ai, pele que queima, mas que alivia, pois a esperança perde-se na combustão do teu movimento. Dor agridoce. Tanto queres ser e tão pouco és, afinal. Reflexo diaclasado que mancha aqueles de quem procuras aprovação. Tic-toc. Insatisfação sedenta de respostas. The more you look, the less you see. Cravas a unha que, num jeito frustrado, te marca a pele.


Pontinho pensante, coração pulsátil, mente rejubilante. Se isto fosse o começo, apenas chegarias um segundo antes de serem ouvidas as doze badaladas.



Eu já não faço sentido.