terça-feira, 3 de janeiro de 2012

enquanto espero que o sono me visite...

tenho vindo a reparar que a maioria das pessoas possui o jeito antigo e, de certa forma, rural, de olhar para o Céu.
surpreendentemente, parecem fazê-lo sempre com o mesmo ar intrigado e surpreso, como se esperassem conseguir ler uma grande página em aberto sobre as suas cabeças. para mim, o Céu nada tem de misterioso ou mítico. ao contrário do que acontece com a maioria das pessoas, ele não representa para mim Deus nem, muito menos, o infinito - para mim, depois de ultrapassarmos o "Céu" estaremos, simplesmente, no Espaço.
na verdade, o Chão inquieta-me muito mais que o Céu.
se pensarmos bem, do mesmo Chão do qual se levantam árvores, searas, levantam-se também os animais que correm nos seus campos ou que voam por cima deles. levantam-se espigas de trigo, flores bravas e bandeiras. levantam-se ventos, ondas e, às vezes, o solo desloca-se em massa. o Chão é vivo, activo, imprevisível, enquanto que do Céu, pouco mais espero que chuva ou trovões.
do Chão levanta-se também o Homem, embora caia também muitas vezes. levanta-se o sonho, a esperança, as poeiras da determinação e da fé. no chão se caminha, se salta, se dança. no chão se dança... e eu amo tanto dançar no chão.
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